Balanceamento de Dietas Personalizadas, Dietas Clínicas Especiais e Orientação para Dietas Caseiras, Naturais ou Complementação Natural Adequada para Cada Fase da Vida do Animal

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domingo, 14 de agosto de 2011

Entrevista - primeira parte

Esta foi uma parte da entrevista q concedi para a revista "Coop", de São Paulo, que gerou uma matéria super bacana que vai sair na edição de setembro de 2011.
Por Ivanilde Sitta - repórter da Revista Coop

sobre dieta natural:

- É contraindicado o animal se alimentar, além da ração, de comida caseira, a mesma que os donos consomem?


Com o manejo adequado, não, não é. O maior problema em alimentar os cães com dieta caseira é confundí-los com os humanos. Os animais possuem características de metabolismo muito diferentes das nossas, e a maior parte dos erros estão exatamente na falta de conhecimento dessas particularidades. O alimento caseiro, quando é oferecido respeitando limites, ítens e quantidades adequadas pode ser muito benéficos a saúde do animal, favorecendo a absorção de nutrientes e melhorando a saúde intestinal entre outras vantagens. É então muito importante para quem deseja adotar essa pratica consultar um zootecnista, que tem a formação de nutricionista especializado para animais, para conhecer esses limites que possam favorecer, e não prejudicar a saúde dos Pets. Como a alimentação humana é muito rica em carbohidratos pouco complexos, os açucares, entre os erros mais comuns podemos encontrar o ganho de peso excessivo, diarréias e problemas de dentes.


 - Quais alimentos caseiros os bichos podem comer? A Sra poderia, inclusive, me fornecer uma lista de pelo menos 10 alimentos prejudiciais aos cães e explicar a causa? É que li um artigo que fala que abacate, uva e uva passa, espinafre, broto de batata, alimentos preparados com cebola ou alho, pimentas e chocolate são altamente danosos aos cães. Gostaria de saber se isso realmente é verdade.

Bom, existem muitas lendas sobre a alimentação de animais, muitas espalhadas pela internet e muitas que são trazidas de informações do tempo da nossa vó. Hoje em dia já sabemos que alguns alimemtos tido como vilões já não são tão medonhos assim. Lembrando sempre que tudo tem o seu limite adequado e ultrapassar esses limites levam a aumento do risco, exatamente como fazemos para nós humanos. É importante ressaltar que quando o animal só se alimenta de ração e nunca recebe complementos fora de sua dieta, a inclusão de alimentos naturais bruscamente aumenta o risco de diarréia, por falta de adaptação da flora intestinal aos alimentos novos. Então, todas a modificaçãoes nas dietas devem começar com pequenas quantidades.

- frutas - Dificilmente encontra-se justificativa plausível para contra-indicação de frutas para cães. As frutas são fontes de antioxidantes naturais e vitaminas muito benéficos para a saúde, além de conter água e sais minerais. Um diferencial de maior benefício ainda, com relação as frutas está nas suas proporções entre a relação de fibras não-fermentáveis e fermentáveis pelo intestino grosso, que melhora a absorção de nutrientes e previne contra contaminação de bactérias patogênicas causadoras de diarréias e enterites (inflamações na mucosa intestinal) e mantém o fluxo intestinal normal. O tipo de açúcar contido nas frutas é ainda considerado de boa qualidade para o metabolismo, visto que não é formado por moléculas de glicose unicamente, mas sim em conjunto com a frutose, que reduz a exigência na liberação de insulina pelo pâncreas, reduzindo os riscos de diabetes.

Contudo, o segredo é a moderação, excessos de algumas frutas podem causar imbalanços desagradáveis, porém nada sério, exemplos:

1. abacate é muito rico em moléculas ácidos graxos (gorduras) e açúcares e pode causar diarréia além de aumentar o risco de sobre peso;

2. bananas possuem muito carbohidrato e seu excesso também aumenta o risco de sobre-peso e, ao contrário do abacate, pode causar retenção das fezes;

3. uvas, frescas ou na forma de passas, podem causar gases e, com isso, as cólicas pois, possuem alto teor de fibras fermentáveis. Ainda existe o risco de danos aos rins pelo conteúdo de suas sementes;

4. mangas, apesar de muito saborosas, o excesso, pelo seu teor de fibras não-fermentáveis, pode causar amolecimento das fezes e redução a digestibilidade dos nutrientes da ração;

- verduras e legumes - Novamente eu insisto, que problemas com alimentos deste tipo cozidos só são demonstrados quando não existe um limite de inclusão na alimentação. legumes e verduras de forma geral são benéficos por serem naturalmente fontes de vitaminas e minerais, com bons índices de digestibilidade, contudo devemos tomar cuidadocom alimentos que são pobres em nutrientes e ricos em apenas energia, esses podem ocasionar sobre-peso e deficiências de nutrientes.

5. arroz branco e a batata inglesa, são fonte de energia de alta digestibilidade, aumentam a concentraçao de glicose no sangue e estimulam a liberação de insulina, mas são pobres em outros nutrientes, não devem ser administrados como única fonte de alimento;

6. arroz integral tem o mesmo problema do arroz branco, agravado pelo teor de fibras insolúveis e silica, aumentando a velocidade do bolo alimentar no intestino, reduz a digestibilidades dos outros nutrientes da dieta e aumenta o risco de diarréia;

legumes e verduras variadas, como batata barôa, couve-flor, brócolis, vagens, nhame, cenoura e beterraba entre outros, cozidos e oferecidos misturados, geralmente não trazem nenhum tipo de problema.

7. tomates devem ser oferecidos sem sementes, pois é onde se encontra a maior concentração de oxalatos, citados como potencialmente lesivos aos rins. Esse é o mesmo problema que poderiam citar como sendo do espinafre e de alguns tipos de brotos, mas as quantidade oferecidas na alimentação dificilmente alcançaria níveis tóxicos em apenas uma refeição e em pequenas quantidades, seus beneficios superam seus malefícios.

- alimentos indústrializados -

8. massas, pães, macarrão, bolos e biscoitos, principalmente se forem doces devem ser evitados, pois além de serem considerados calorias vazias, ou seja, são energéticos com conteúdo nutricional pobre, os animais são menos eficientes que os humanos para digeri-los e podem causar, se forem oferecidos frequentemente o sobre-peso, a diabetes e outras complicações como aumento de risco cardíaco e variação de pressão. Os menos prejudiciais são os integrais, mas mesmo assim devem ser evitados.

9. chocolate - possui substâncias que podem ser tóxicos e excitantes para sistema nervoso e cardiovascular dos animais, como a theobromina e a cafeína, chegando-se a atingir níveis tóxicos quando são oferecidos quantidades acima de 5g /kg de peso vivo. Chocolates também são ricos em açúcar e gorduras, que desequilibram o balanço energético e podem engordar.

- tempêros -

10. cebolas e alho são comumente citados como tóxicos, mas como seu sabor é muito forte, dificilmente numa refeição se atinge os niveis de toxicidade destes tempêros, ma verdade, em pequenas quantidades são excelentes palatabilizantes (doadores de sabor) naturais com boa aceitação entre os animais. A cebola em excesso pode antes de atingir níveis tóxicos aumentar a formação de gases. E, o óleo do alho tem sido muito estudado como estimulante do sistema imune e suas fibras são ricas em inulina, um elemento prebiótico de alta qualidade que favorece a flora intestinal e inibe o desenvolvimento de bactérias patogênicas nos intestinos.

11. pimentas devem ser evitadas por causar uma certa irritação das mucosas aumentar o risco de gastrite e outros distúrbios do aparelho digestivo.


Dra. Aline Almeida

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