Balanceamento de Dietas Personalizadas, Dietas Clínicas Especiais e Orientação para Dietas Caseiras, Naturais ou Complementação Natural Adequada para Cada Fase da Vida do Animal

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Entrevista - parte dois

Esta foi a segunda parte da entrevista q concedi para a revista "Coop", de São Paulo, que gerou uma matéria super bacana que vai sair na edição de setembro de 2011.


Por Ivanilde Sitta - repórter da Revista Coop

Sobre rações:
 
- Um animal que se alimenta exclusivamente de ração, respeitando o consumo diário indicado pelo veterinário, tem todas as suas necessidades nutricionais atendidas? Ou seja, não precisa de mais nada?


Sim, as rações de forma geral são balanceadas de acordo com as necessidades médias dos animais, com todos os nutrientes que um animal precisa receber a cada porção oferecida. Contudo, isso não a torna perfeita, pois como para nós humanos, os animais também expressam características individuais de metabolismo que podem ser melhoradas com um manejo nutricional diferenciado, para incrementar o aproveitamento dos nutrientes contidos na ração.


- Quais os benefícios uma dieta de ração balanceada pode trazer ao animal?

Bom, a ração é um alimento completo, com todos os nutrientes que um animal precisa receber todos os dias, então a ração pode prevenir o aparecimento de distúrbios de saúde relacionados à falta de nutrientes, como vitaminas, ácidos graxos essenciais, energia e proteína.


- Para cada raça existe um tipo de alimentação?


Existem diversas fábricas de ração que estão investindo nas linhas especiais de rações para diferentes raçãs de cães, pois foram observadas em estudos nutricionais que as raças diferem entre si nas necessidades de alguns nutrientes e essas diferenças, quando não são devidamente respeitadas, podem fazer com que os animais apresentem distúrbios de saúde relacionados a falta ou excesso de nutrientes da ração oferecida, como por exemplo, diabetes, problemas de pele e pêlos, enjôos e distúrbios do metabolismo hepático. Com isso, raças grandes, raças pequenas, raças de pêlo longo e raças com particularidades metabólicas devem sim receber um manejo alimentar diferenciado, respeitando suas particularidades com relação a utilização de nutrientes pelo organismo.


 - Quais as versões de ração disponíveis no mercado hoje? Já vi até ração dietética.

De forma geral existem as rações de:

- Ração manutenção - para animais adultos, com atividade física moderada;
- Ração crescimento - para filhotes, geralmente indicada até um ano de idade;
- Ração gestação e lactação - para que fêmeas gestantes ou lactentes recebam todos os nutrientes necessários para manter sua saúde e um bom desenvolvimento de seus filhotes durante essas fases;
- Rações raças específicas - essas rações são especiais para diferenciar as raças, principalmente na fase de manutenção, as mais comuns são para diferenciar raças grandes de raças pequenas e as raças de pêlos curtos das raças de pêlos longos;
- Ração atletas - para animais de alta performance, que desenvolvem atividades físicas constantemente, como animais de corrida, provas de agilidade e animais que participam das forças policiais com uma carga constante de treinamentos.

Existem também as linhas de rações que possuem formulações especiais para animais que estejam desenvolvendo problemas de saúde, essas são indicadas geralmente pelos zootecnistas ou veterinários responsáveis no momento do tratamento, por exemplo:

- Ração diet - para animais que estejam obesos e precisam perder peso;
- Ração diabetic - para os diabéticos;
- Ração hipoalergênica - para os que fazem tratamentos de alergias, principalmente as relacionadas à pele e pêlo;
- Ração urinary - para animais que estejam com problemas relacionados a formação de pedras na bexiga, distúrbio conhecido como urolitíase;
- Ração renal - para os que apresentem insuficiencia renal;
- Ração hepatic - específica para distúrbios do fígado;
- Ração digestive - para animais em tratamentos gástricos, como gastrites ou infecções intestinais.

E, ainda podemos encontrar no mercado linhas de rações 'naturais' com baixa inclusão de conservantes quimicos, corantes e flavorizantes (doadores de sabor) artificiais, as rações úmidas e semi-umidas, geralmente enlatadas, com maiores índices de digestibilidade (aproveitamento) de proteínas e maior conteúdo de água favorecendo a digestão e o sistema urinário.

Com o avanço das pesquisas em nutrição animal, muitas outras linhas de rações estão entrando no mercado e ainda entrarão, procurando atender de forma ainda mais específica as necessidades que os animais possam ter.

 - A melhor indicação para a escolha da ração é o veterinário ou o balconista do pet também tem capacidade para indicar?


Isso depende muito de treinamento recebido pelos profissionais, pois nem todos os veterinários estão treinados para conhecer detalhadamente a composição de todas as rações, bem como os vendedores das casas de ração. É importante que as fábricas e distribuidoras de ração façam esse trabalho de informar vendedores, veterinários e criem meios de até os prorietários possam compreender o diferencial da composição das diferentes linhas de ração. De forma geral o profissional mais especializado nesta área é o zootecnista, mas ainda é raro a disponiibilidade desses profissionais no atendimento de Pets.

 - É verdade que cachorro não pode comer ração de gato (ou vice e versa)? Por quê?


Poder comer até pode, mas não é adequado, pois, alongo prazo alguns proplemas podem se tornar graves. Cães e gatos são diferentes no metabolismo, e uma das grandes diferenças na composição das rações é o conteúdo de vitamina A. Gatos precisam ter na composição da sua ração essa vitamina pré-formada pois seu organismo não é capaz de produzi-la então, cães que se alimentem de ração de gato podem sofrer problemas com o excesso de vitamina A, o que chamamos de hipervitaminose, além da ração de gatos ser mais energética que a ração de cães, levando a um balanço energético positivo, ou seja, o ganho de peso excessivo. Já gatos que se alimentem de rações de cães podem ter deficiências diversas com relação a nutrientes que os cães metabólicamente podem produzir e os gatos não, como a própria vitamina A e os aminoácidos arginina e taurina levando-os a um quadro de deficiência nutricional grave, entre outros aspectos negativos.

 - A ração animal para ser boa tem de ser cara?

Nem sempre! Geralmente o preço da ração não reflete exatamente o que a compõe, e sim o preço de mercado. Contudo não podemos negar que as rações premium e super-premium levam, realmente, a um melhores condições digestivas para os animais, pois essas rações e possuem ingredientes diferenciados que melhoram o aproveitamento dos nutrientes contidos nela e o melhor desempenho e saúde do animal, além de favorecer a redução do volume e dos odores desagradáveis das fezes.

As maiores diferenças entre essas rações e as que são de menor custo fica na quantidade que deve ser fornecida ao animal, pois se ele aproveita menos nutrientes, maiores porções devem ser oferecidas para que não haja deficiencias nutricionais. O Nutriente mais caro da ração, e que geralmente é o maior diferencial entre as rações, são as fontes de proteínas que nas rações, a maior parte são de fontes vegetais, e fontes proteína vegetal apresentam baixos indices de digestibilidade para cães e gatos quando comparados a fontes de origem animal, então rações mais baratas podem ser complementadas com fontes de proteína animal (carnes diversas) sem prejudicar o desenvolvimento do animal.


Dra. Aline Conceição Almeida,
Zootecnista, Mestre e Doutora em nutrição e manejo alimentar para animais.
http://www.aninutri.com.br/


domingo, 14 de agosto de 2011

Entrevista - primeira parte

Esta foi uma parte da entrevista q concedi para a revista "Coop", de São Paulo, que gerou uma matéria super bacana que vai sair na edição de setembro de 2011.
Por Ivanilde Sitta - repórter da Revista Coop

sobre dieta natural:

- É contraindicado o animal se alimentar, além da ração, de comida caseira, a mesma que os donos consomem?


Com o manejo adequado, não, não é. O maior problema em alimentar os cães com dieta caseira é confundí-los com os humanos. Os animais possuem características de metabolismo muito diferentes das nossas, e a maior parte dos erros estão exatamente na falta de conhecimento dessas particularidades. O alimento caseiro, quando é oferecido respeitando limites, ítens e quantidades adequadas pode ser muito benéficos a saúde do animal, favorecendo a absorção de nutrientes e melhorando a saúde intestinal entre outras vantagens. É então muito importante para quem deseja adotar essa pratica consultar um zootecnista, que tem a formação de nutricionista especializado para animais, para conhecer esses limites que possam favorecer, e não prejudicar a saúde dos Pets. Como a alimentação humana é muito rica em carbohidratos pouco complexos, os açucares, entre os erros mais comuns podemos encontrar o ganho de peso excessivo, diarréias e problemas de dentes.


 - Quais alimentos caseiros os bichos podem comer? A Sra poderia, inclusive, me fornecer uma lista de pelo menos 10 alimentos prejudiciais aos cães e explicar a causa? É que li um artigo que fala que abacate, uva e uva passa, espinafre, broto de batata, alimentos preparados com cebola ou alho, pimentas e chocolate são altamente danosos aos cães. Gostaria de saber se isso realmente é verdade.

Bom, existem muitas lendas sobre a alimentação de animais, muitas espalhadas pela internet e muitas que são trazidas de informações do tempo da nossa vó. Hoje em dia já sabemos que alguns alimemtos tido como vilões já não são tão medonhos assim. Lembrando sempre que tudo tem o seu limite adequado e ultrapassar esses limites levam a aumento do risco, exatamente como fazemos para nós humanos. É importante ressaltar que quando o animal só se alimenta de ração e nunca recebe complementos fora de sua dieta, a inclusão de alimentos naturais bruscamente aumenta o risco de diarréia, por falta de adaptação da flora intestinal aos alimentos novos. Então, todas a modificaçãoes nas dietas devem começar com pequenas quantidades.

- frutas - Dificilmente encontra-se justificativa plausível para contra-indicação de frutas para cães. As frutas são fontes de antioxidantes naturais e vitaminas muito benéficos para a saúde, além de conter água e sais minerais. Um diferencial de maior benefício ainda, com relação as frutas está nas suas proporções entre a relação de fibras não-fermentáveis e fermentáveis pelo intestino grosso, que melhora a absorção de nutrientes e previne contra contaminação de bactérias patogênicas causadoras de diarréias e enterites (inflamações na mucosa intestinal) e mantém o fluxo intestinal normal. O tipo de açúcar contido nas frutas é ainda considerado de boa qualidade para o metabolismo, visto que não é formado por moléculas de glicose unicamente, mas sim em conjunto com a frutose, que reduz a exigência na liberação de insulina pelo pâncreas, reduzindo os riscos de diabetes.

Contudo, o segredo é a moderação, excessos de algumas frutas podem causar imbalanços desagradáveis, porém nada sério, exemplos:

1. abacate é muito rico em moléculas ácidos graxos (gorduras) e açúcares e pode causar diarréia além de aumentar o risco de sobre peso;

2. bananas possuem muito carbohidrato e seu excesso também aumenta o risco de sobre-peso e, ao contrário do abacate, pode causar retenção das fezes;

3. uvas, frescas ou na forma de passas, podem causar gases e, com isso, as cólicas pois, possuem alto teor de fibras fermentáveis. Ainda existe o risco de danos aos rins pelo conteúdo de suas sementes;

4. mangas, apesar de muito saborosas, o excesso, pelo seu teor de fibras não-fermentáveis, pode causar amolecimento das fezes e redução a digestibilidade dos nutrientes da ração;

- verduras e legumes - Novamente eu insisto, que problemas com alimentos deste tipo cozidos só são demonstrados quando não existe um limite de inclusão na alimentação. legumes e verduras de forma geral são benéficos por serem naturalmente fontes de vitaminas e minerais, com bons índices de digestibilidade, contudo devemos tomar cuidadocom alimentos que são pobres em nutrientes e ricos em apenas energia, esses podem ocasionar sobre-peso e deficiências de nutrientes.

5. arroz branco e a batata inglesa, são fonte de energia de alta digestibilidade, aumentam a concentraçao de glicose no sangue e estimulam a liberação de insulina, mas são pobres em outros nutrientes, não devem ser administrados como única fonte de alimento;

6. arroz integral tem o mesmo problema do arroz branco, agravado pelo teor de fibras insolúveis e silica, aumentando a velocidade do bolo alimentar no intestino, reduz a digestibilidades dos outros nutrientes da dieta e aumenta o risco de diarréia;

legumes e verduras variadas, como batata barôa, couve-flor, brócolis, vagens, nhame, cenoura e beterraba entre outros, cozidos e oferecidos misturados, geralmente não trazem nenhum tipo de problema.

7. tomates devem ser oferecidos sem sementes, pois é onde se encontra a maior concentração de oxalatos, citados como potencialmente lesivos aos rins. Esse é o mesmo problema que poderiam citar como sendo do espinafre e de alguns tipos de brotos, mas as quantidade oferecidas na alimentação dificilmente alcançaria níveis tóxicos em apenas uma refeição e em pequenas quantidades, seus beneficios superam seus malefícios.

- alimentos indústrializados -

8. massas, pães, macarrão, bolos e biscoitos, principalmente se forem doces devem ser evitados, pois além de serem considerados calorias vazias, ou seja, são energéticos com conteúdo nutricional pobre, os animais são menos eficientes que os humanos para digeri-los e podem causar, se forem oferecidos frequentemente o sobre-peso, a diabetes e outras complicações como aumento de risco cardíaco e variação de pressão. Os menos prejudiciais são os integrais, mas mesmo assim devem ser evitados.

9. chocolate - possui substâncias que podem ser tóxicos e excitantes para sistema nervoso e cardiovascular dos animais, como a theobromina e a cafeína, chegando-se a atingir níveis tóxicos quando são oferecidos quantidades acima de 5g /kg de peso vivo. Chocolates também são ricos em açúcar e gorduras, que desequilibram o balanço energético e podem engordar.

- tempêros -

10. cebolas e alho são comumente citados como tóxicos, mas como seu sabor é muito forte, dificilmente numa refeição se atinge os niveis de toxicidade destes tempêros, ma verdade, em pequenas quantidades são excelentes palatabilizantes (doadores de sabor) naturais com boa aceitação entre os animais. A cebola em excesso pode antes de atingir níveis tóxicos aumentar a formação de gases. E, o óleo do alho tem sido muito estudado como estimulante do sistema imune e suas fibras são ricas em inulina, um elemento prebiótico de alta qualidade que favorece a flora intestinal e inibe o desenvolvimento de bactérias patogênicas nos intestinos.

11. pimentas devem ser evitadas por causar uma certa irritação das mucosas aumentar o risco de gastrite e outros distúrbios do aparelho digestivo.


Dra. Aline Almeida